O que eu
quero
A minha
nudez nessa terra,
é para olhos do poeta.
Essa carne. Esse
corpo. Essa embalagem
em que me
arrasto sobre duas pernas,
que sucumba
à vontade de minha alma eterna.
Eu só quero
poesia,
servida no
prato do orgasmo impenetrável.
E o que eu quero
é muito mais
do que
aquilo que desejam os meros mortais.
Eu quero
usar minhas asas,
e
contorcer-me boca, espinha, olhos,
dorso, pele,
vulva e todo o coração,
juntos e ao
mesmo tempo,
numa dança
de deuses e semideuses,
no alto do
Monte do Olimpo em devoção.
Não quero
sexo!
Não
necessito desse ato mecânico
de produzir
sinapses e hormônios.
Quero mais
que corpos numa dança assimétrica,
numa carona
em beira de estrada.
Eu quero é
velejar em mares profundos,
entranhar-me
no coração dos oceanos não navegados,
conhecer
Netuno e brincar com a Pequena Sereia,
colher
pérolas negras direto da ostra,
dependurar
na minha cintura circunflexa
que quer
brincar de ser mulher na hora exata.
Eu quero fazer
amor com amor, e mais nada!
Quando ao
amor convier me querer,
e acaso ele
venha me escolher,
serei dele e
ele meu, de mãos e almas dadas.
Mas caso
nunca nos encontremos,
nessas
curvas da vida tão despropositada,
eu me
alentarei nos braços das palavras.
Serei fiel
às minhas asas,
que precisam
voar ao encontro do infinito,
ao acenar do
vento que para mim sorri,
e abana sua
saia de paixão alaranjada,
que levanta
vez ou outra,
mostrando
suas partes despudoradas.
O que eu
quero é mais que coito afoito,
e carne com
gosto de carne.
— E por que
eu haveria de querer?
Tenho uma
alma antiga!
Sim, eu sei
que a tenho,
ria quem
quiser, mas eu sou isto,
e isto me
torno mais forte a cada dia.
E isto irei
de morrer.
Para no fim,
encontrar minha real alegria,
que é voar
todos o dias nas asas surreais da poesia.
Lilly Araújo
– 28/06/16
00:20
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