sexta-feira, 1 de julho de 2016

Inércia



 
Inércia

Quando você chegou,
e deu movimento às minhas águas paradas,
eu senti os seus dedos me penetrando
e empurrando seu amor sem dó ou piedade,
goela abaixo e entranhas adentro.

Quando você chegou,
falava de um amor estranho,
disfarçado de doçura e acidez,
tudo junto e ao mesmo tempo,
revirando-me o estômago.

Você chegou indigesto.
Um prato de iguarias desconhecidas.
E minha fome te engoliu por inteiro.

Quando você assoprou
seu hálito quente de desejo e posse,
não foram asas de borboletas
que pousaram sobre mim,
foram tempestades...
E eu só pude voar.

Quando você me impingiu o seu amor
eu não soube o que responder,
e só restou-me o acolhimento
dos que calam e se ajoelham derrotados.

Agora, por inércia, eu continuo,
mesmo que a tempestade tenha se calado,
mesmo que a brisa, ou o orvalho,
ou qualquer umidade esteja em estio,
eu prossigo, embalada pelo eco do vazio.

Lilly Araújo – 01/07/16
22:15h

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