Inércia
Quando você
chegou,
e deu
movimento às minhas águas paradas,
eu senti os
seus dedos me penetrando
e empurrando
seu amor sem dó ou piedade,
goela abaixo
e entranhas adentro.
Quando você chegou,
falava de um
amor estranho,
disfarçado
de doçura e acidez,
tudo junto e
ao mesmo tempo,
revirando-me
o estômago.
Você chegou
indigesto.
Um prato de
iguarias desconhecidas.
E minha fome
te engoliu por inteiro.
Quando você
assoprou
seu hálito
quente de desejo e posse,
não foram
asas de borboletas
que pousaram
sobre mim,
foram
tempestades...
E eu só pude
voar.
Quando você me
impingiu o seu amor
eu não soube
o que responder,
e só
restou-me o acolhimento
dos que
calam e se ajoelham derrotados.
Agora, por
inércia, eu continuo,
mesmo que a
tempestade tenha se calado,
mesmo que a
brisa, ou o orvalho,
ou qualquer
umidade esteja em estio,
eu prossigo,
embalada pelo eco do vazio.
Lilly Araújo
– 01/07/16
22:15h
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