Dos seres encabulados

Dos seres encabulados

Encabulo seres que me descobrem,

que me escavam no meu mundo quase subterrâneo,

não sou um ser de muitas aparições sociais.

Mas eu acabo descobrindo, nessas novas aquisições,

seres desastrosos e encabulados,

assim como eu mesma sou.

Sou encabulada com o amor!

Trago amor na minha tela de pôr-do-sol há anos,

há séculos, há tempos incontáveis...

Porque tenho para mim,

que tudo para o poeta é de infinitudes.

A poesia me cura, na mesma medida

em que me ensina a sangrar as dores,

e a ser grata a cada uma delas.

Encontrei emplastros em rios de versos.

Não temo mais!

E se acaso me perguntarem,

porque dialogo tanto com a poesia, responderei:

— Essas nossas conversas

são o leite maternal ao recém-nascido;

e estou saindo novamente do ventre da 'mãe-terra'

para o 'mundo do amor', para morrer novamente,

quando ele assim o desejar.

Lilly Araújo – 02/06/2016

(13:39h)