quinta-feira, 2 de junho de 2016

Destino de sol

 


Destino de sol

Quando o sol estava prestes a partir hoje,
abraçado ao horizonte,
na sua repetida liturgia de amor
e de renúncia de si,
trazia a melancolia no olhar,
como tem aqueles que, pelo seu destino,
sempre se entregam à crucifixão.

Quando o sol se despediu hoje, mudo,
sem reclamar do seu suplício diário
de morrer todas as tardes,
para ressuscitar todas as manhãs,
eu estava lá, crente, a mirá-lo em devoção.

Com destino de sol,
eu também me entrego todos os dias,
sem resistir à cruz, aos pregos,
e a todos os infortúnios que juntos vierem.

Porque se o sol morre feliz,
ainda que imaculado,
eu morro, resignada,
para expurgar o meu pecado.

O meu pecado, confesso,
sem muita descrição,
sem até, nenhuma discrição,
que é o de amar sem freios,
e sem pitadas de razão.
Amar o amor de morte,
e vida, e ressurreição.

Lilly Araújo – 02/06/16
19:25


 


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