sexta-feira, 29 de junho de 2018

TERAPIA


Tenho vícios espúrios e desconexos.
Um deles é ser viciada em amar o ato de amar.
Anos e anos gastos numa clínica de recuperação,
e o resultado, é o de ter voltado, amando tudo e todos de lá.

Eu amei a seringa; a enfermeira;
o colega do lado, viciado em bolinhas de gude;
e a Dona Gertrude,
que amava filmes de ETs,
desde que fora abduzida na infância.

Eu amei a distância!
Amei a saudade. A aula de arte.
E o fim de tarde, sentada no pomar.

Tenho vícios inventados e sem sentido.
Um deles é esse desejo, de estar sempre contigo.

Lilly Araújo

sábado, 23 de junho de 2018

TODO MEDO DO MUNDO



TODO MEDO DO MUNDO

Tenho medo!
Tanto medo que me encolho
sobre rochas escorregadias repletas de limo.
É noite eterna em minha alma,
ainda que sol a pino.

Tenho medo. Muito medo!
E ainda olho o horizonte perdidamente
em busca de um farol, que nunca mais!
A luz que me resta na mente, mente.

À beira-mar,
revolto mar, escuro mar bravio,
eu diminuo e me aninho.
Abraço meus braços gélidos e esquálidos
porque me falta a vida, no sopro do teu hálito.

Tenho medo. Tanto medo!!
Que não ouso mais dormir ou cochilar.
Tanto medo, que nunca mais pude sonhar.

E fico aqui,
no intermeio desse mundo onde habito,
que não entendo e nem me atrevo,
porque tenho um medo infinito.

Lilly Araújo – 05/04/18

domingo, 10 de junho de 2018

PREÂMBULOS




PREÂMBULOS

Teço longos preâmbulos para falar de sentimentos
proibidos desde sempre.
Falar disso é fraqueza imperdoável!
Eu, que sou afrontosa, aprendi a me driblar,
escrevendo poesias onde me desnudo
desavergonhadamente sem nenhum desvio.

É proibido se apaixonar!
É piegas se apegar,
e sonhar longas danças sob a chuva,
banho quente, vinho rubro e lareira estalando.

Eu que sou afrontosa ‘toda a vida’,
teço preâmbulos extensos
para falar de desejos densos e proibidos.
O termo ‘saudades’ resumiria tudo isso.

Lilly Araújo
10/06/18

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