Vitrine
Então, olhem
e me admirem,
e me
aplaudam, e me endeusem,
e me desejem
ou me critiquem,
me
desaprovem, e me cuspam, me apedrejem.
Estou sempre
na vitrine.
Aqui,
exposta, e nua,
sem outra
opção, voltada para rua,
aos que
passam displicentes
e com
pressa, aos que param,
aos que
nunca me enxergam,
e aos que
julgam me conhecer.
Eu estou
aqui, na vitrine,
sem outra
opção qualquer,
e nem sei
mais se sou mulher.
Eu sou
vitrine!
Eu sou
vitrine quando choro,
e quando
minhas lágrimas cristalinas
como eu, me
denunciam a dor do amor,
da saudade,
do desejo da reprise.
Eu sou
vitrine!
Sem tapumes,
sem censura.
Estou de
cara para vida,
essa cara
deslavada e pura.
Louca e
imprudente,
porque não é
assim que se deve
se expor à
toda a gente.
Mas eu não
sou como os outros,
eu nem
sequer sou gente,
eu sou
apenas vitrine.
— Você me
vê?
Lilly
Araújo- 21/05/16
(17:34h)
gostei, mandou o recado: Você me vê?
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