sexta-feira, 20 de maio de 2016

Pintura




Pintura

Não me queira obrigar a vos amar,
vós, olhos insensatos e cobiçosos,
vós,  néscios e imprudentes.
Não sou para vós mais que pintura
em moldura de ouro.

Não me queiram capturar,
vós, caçadores implacáveis,
que nunca dizem basta!
Eu não sou a vossa caça!

Não me interpelem
na rua ou nas praças,
Eu não quero mais ser educada.
Eu quero apenas paz!

Não me amem! Eu vos imploro.
Que esse sentimento que vos tomais
em nome daquele outro,
que é, entre todos, o mais nobre,
não passa de um comichão
de um querer egoísta e pobre.

Não venhais, com vossas bocas
que escondem espadas afiadas,
e no fundo da taça, o absinto,
oferecer-me à boca a bebida que não quero,
que não desejo, e que não preciso!

Eu sou borboleta, ou cisne,
ou vulcão ou tsunami,
ou tempestade ou calmaria,
ou pranto ou alegria,
mas isso é apenas para um único ser
que no paraíso me colheria.

Então, esquecei-me de vez.
E ide em paz por vossos caminhos,
eu trilharei o meu em devoção e silêncio,
trazendo no peito um amor
que não arromba, não violenta
e não vomita impropérios.

É assim que aprendi a amar.
E sou apenas, tão imperfeita!

Lilly Araújo 20/05/16
(12:53 h)


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