terça-feira, 3 de maio de 2016

Conversa bêbada




Conversa bêbada

Essa mania por aí difundida de querer amar só o belo. A borboleta azul do Machado.
E qual é a definição correta de belo, eu te pergunto?

O mundo é externamente imbecil e tão fútil que às vezes tenho vontade descer só um pouquinho pra vomitar. Eu amo quem eu quiser, o que eu quiser e quando eu quiser amar!

Eu amo o sorriso gratuito, a angústia interna, as lágrimas invisíveis, e a traição a si mesmo. Eu amo a barba por fazer, o bafo embriagado e o pé que nunca vi, e também os seus dedos.
E só porque eu posso amar a “casca” daquele que amo por dentro e isso já deveria ser resposta suficiente.

Essa mania de amar o belo (afss!).
Quantos rostos belos eu já vi que por dentro carregavam a alma desconfigurada? Eu não saberia dizer nem nos meus momentos de delírios mais profundos.

Detesto corpos. Adoro alma. Você tem uma para me ofertar?

Se você tiver alma, vou querer também as mãos, os sorrisos e as lágrimas... e por falar em lágrimas e risos, vou querer-te em todos os teus líquidos: a veia pulsante, a saliva quente e os  diamantes liquefeitos. Vou querer amar também todos os defeitos.
Se você tiver alma, não se preocupe, porque eu te devorarei por inteiro, por fora por dentro e através de todas as minhas entranhas.

Falaremos de universo, de estrelas e galáxias, e empregos-vampiros, e de ciúmes, falaremos de medos, de alegrias, e de muita, mas muita poesia. Falaremos de dores, de universo-paralelo e dos nossos submundos.

Falaremos de coxas, e bunda e seios e suores e gemidos...
Se você tiver uma alma, falaremos de tudo, meu querido.

Se não tiver, por favor, desista! Não venha e não insista.
Se não tiver uma alma, por favor, nem exista!


Lilly Araújo 03/05/16 [01:50h]

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