segunda-feira, 16 de maio de 2016

Ferrari



  

Ferrari

— Qual é o seu carro dos sonhos?
— Awn, deixe-me ver. Eu gosto de um que já saiu de linha, o PT Cruiser. Acho aquele ar de ‘carro do vovô’ que ele tem fenomenal. Mas poderia ser um esportivo, meio cara de trilhas e natureza, sabe? Ou qualquer um que fosse bem confortável; nesse aspecto eu não dou muita ênfase à estética não.
— Ah, tá. Mas eu tô falando de carrão. Aqueles da lista de sonhos quase impossíveis.
— Awnn, sim. Você deve estar falando de uma Ferrari?!
— É isso! Uma Ferrari. Você queria ter uma?
— Não.
— Ã? Como assim?
— Eu já tive uma Ferrari nas mãos e a dirigi. Creia em mim, você não iria querer ter um carro desses.
— E por que não?
— Dentro de uma Ferrari eu vi a minha paz equilíbrio voarem na mesma intensidade que ela me convidava a acelerar desajuizadamente. Eu senti cada poro do meu ser arrepiado contra o vento que lambia meus cabelos alvoraçados, enquanto eu sorria como criança desavisada dos perigos.
Dentro de uma Ferrari, meu coração, mesmo tão calejado e vivido, experimentou tanta sensação inimaginável, que eu quis me fundir com a Ferrari, eu quis ser Ferrari.
Era como entranhar-se em um vulcão vivo, e congelar até o âmago; era como estar nua em plena Antártida e ainda assim não morrer de frio.
Ah, não, morrer não; morrer era o único sentimento que não podia existir dentro da Ferrari, porque ao provar tudo aquilo que nem se explica, numa dose desumana e tsunâmica, foi com certeza estar-se num plano além da morte.
— Wau!!! Parece que essa experiência foi mesmo bem radical, hein!?
— A mais “hard core” de todas.

Lilly Araújo 15/05/16
08:30h

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