Ferrari
— Qual é o seu carro dos sonhos?
— Awn, deixe-me ver. Eu gosto de um que já saiu de linha, o
PT Cruiser. Acho aquele ar de ‘carro do vovô’ que ele tem fenomenal. Mas
poderia ser um esportivo, meio cara de trilhas e natureza, sabe? Ou qualquer um
que fosse bem confortável; nesse aspecto eu não dou muita ênfase à estética
não.
— Ah, tá. Mas eu tô falando de carrão. Aqueles da lista de sonhos
quase impossíveis.
— Awnn, sim. Você deve estar falando de uma Ferrari?!
— É isso! Uma Ferrari. Você queria ter uma?
— Não.
— Ã? Como assim?
— Eu já tive uma Ferrari nas mãos e a dirigi. Creia em mim,
você não iria querer ter um carro desses.
— E por que não?
— Dentro de uma Ferrari eu vi a minha paz equilíbrio voarem
na mesma intensidade que ela me convidava a acelerar desajuizadamente. Eu senti
cada poro do meu ser arrepiado contra o vento que lambia meus cabelos
alvoraçados, enquanto eu sorria como criança desavisada dos perigos.
Dentro de uma Ferrari, meu coração, mesmo tão calejado e
vivido, experimentou tanta sensação inimaginável, que eu quis me fundir com a
Ferrari, eu quis ser Ferrari.
Era como entranhar-se em um vulcão vivo, e congelar até o
âmago; era como estar nua em plena Antártida e ainda assim não morrer de frio.
Ah, não, morrer não; morrer era o único sentimento que não
podia existir dentro da Ferrari, porque ao provar tudo aquilo que nem se
explica, numa dose desumana e tsunâmica, foi com certeza estar-se num plano
além da morte.
— Wau!!! Parece que essa experiência foi mesmo bem radical,
hein!?
— A mais “hard core” de todas.
Lilly Araújo 15/05/16
08:30h
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigada por vir até aqui e ainda deixar sua opinião.Bjos!