sexta-feira, 15 de julho de 2016

Destino


Destino

Andava pelos pastos, descalça de tudo, e em tudo pisando com os poros de minha alma, sorvendo os aromas da terra úmida e grama esmagada, abraçando a relva com os dedos dos pés a sentir o seu afago, com cheiro de canela e mel, e gosto de algodão-doce.

O céu se ruborizou diante do nosso amor; e encarnado, o sol se despediu no silêncio que se deve aos amantes.

A noite chegou chovendo pirilampos em forma de diamantes. Pontinhos luminosos pousavam nos meus cabelos até coroar-me perante a lua. 

Eu era tua. Só tua.

As estrelas cerziam constelações de amor sobre nossos corpos felizes. 

Dançamos a dança da chuva de olhos que se fundem entre sussurros de eternidade. 

E eu caminhava pelos pastos, descalça de tudo. Despida de medos e suspeições, respirando promessas de vinhos de uvas sovadas em ritual solene sob o peso de teus belos pés. Servidos nas tuas mãos de anjos, feitas para me acariciarem de dentro para fora. Roçando tua barba nas paredes de meu interior.

E eu caminhava pela relva com cheiro de paraíso, e pirilampos choviam sobre mim, e cantavam sobre nós a sinfonia de estrelas. E meus pés tocavam tudo, o chão, a terra, o rio, o mar os oceanos... e sobre a relva eu fui tua. E sob a lua nos amamos.

Findo o pasto. Apagados os pirilampos. Dormido as estrelas e recolhida a lua. Nós, exaustos do momento de eu ser tua, adormecemos...

Quando a aurora chegou, eu já havia partido. É assim o destino de quem tem asas.

Lilly Araújo – 15/07/16
(19:19h)


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