sábado, 2 de julho de 2016

A conta



 
A conta

Depois do último gole,
e refeita do último trago,
eu titubeio por entre o salão
rumo à porta de saída.

A música tortuosa e em descompasso
afugenta-me os pés, já trôpegos demais
para uma última dança.

Pago a conta.
E no caminho, entre o caixa e a sarjeta,
tropeço em lábios quaisquer.

Limpo os olhos,
na certeza do rímel escorrido,
pergunto sobre uma esticadinha
subentendido por um sorriso cínico.

Sigo o ritmo que já nem ouço,
e nem é preciso, pois o sei de cor.
E entre um strip-tease de quinta,
e um sexo de sexta,
eu apenas engulo tudo e pago a conta.

Eu sempre pago a conta.

Lilly Araújo – 02/07/16
(21:25 h)

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