Closer
O ato de escrever para o poeta é arriscar-se demais. É
desnudar-se para todos sem armadura nenhuma que o proteja.
Deve-se, portanto ter alguma cautela. Escolher um local
adequado para suas aparições. Um palco de preferência bem alto e pouco
iluminado. Porque se expor para o público é mesmo muito arriscado.
Mas pior ainda que o ato de expor-se em meio a uma multidão, é fazer isso para apenas um par de olhos. Porque a primeira opção,
apesar de parecer mais amedrontadora à
priori, não é nem de longe, o risco maior, e é com certeza menos perigosa
que se mostrar para um único espectador.
Porque na multidão, há muitos seres com gostos diferentes.
Uns hão de amar, outros hão odiar e outros ainda apenas não saberão opinar. Mas
se você passa a se apresentar para um único ser... Ah, é aí então que começa a
se perder.
Porque perto demais se lhe aparecem todos os defeitos
ocultos. Cada ruga e prega que a maquiagem tentava esconder. Aparecem os sons
descompostos, e às vezes indecorosos. Aparecem-lhe inclusive as partes pudendas
tão censuradas e repugnantes. Perto demais aparece tudo que se escondia antes.
Mostra-se o que não se deseja e não se pede.
Perto demais: O poeta fede!
Lilly Araújo - 13/05/16
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