segunda-feira, 25 de abril de 2016

Diálogo do medo

 



Diálogo de medo

— Você tem medo, menina?
— Todos. O tempo todo!
— Me fale sobre eles!
— Não sei se conseguiria. É uma nudez desconcertante. Dessas que não rendem clicks. Essa nudez que ninguém quer, que não vende capa de Play Boy, e não se transforma em viral. Essa nudez flácida e desconcertante, que expõe tetas moles e assimétricas, gorduras deslocadas e estrias mal-amadas.
Meus medos são medos corriqueiros de qualquer ser normal. Mas sinto que, multiplicado em átomos frenéticos e indisciplinados, podem virar uma bomba qualquer instante...
Meus medos são medos quaisquer... Esses medos de toda mulher... mas não apenas isso...
Tenho medo de não voar. Tenho medo que voando minhas asas cansem sem ter onde pousar...
Tenho medo do medo me anular de vez e eu nunca mais ser eu mesma... Tenho medo de tentar AGAIN e falhar, e tenho medo de não tentar...
Tenho medo do coito que não veio, e que vindo me mataria de vez...
Tenho medo de morrer “sob diamantes liquefeitos escorrendo pelos espelhos da alma” e que, despejados sobre mim, façam parar meu coração. E o medo maior de nunca poder satisfazer tal ambição.
— Você tem muitos medos, menina!
— Eu tive medo que você notasse o quanto sou medrosa e não mais me amasse.

Lilly Araújo 25/04/16 (09:01h)
 

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