Bem, minha reflexão nasce após a
retomada de leitura de um livro.
Considerando o tamanho da obra em
questão, creio que eu tenha chegado ao capítulo referente à 1/6 deste livro
quando o abandonei. Hoje, retomando a leitura, a partir do primeiro capítulo, é
claro (devido ao tempo prolongado da pausa) eu me deparei com um prazer tão
estupendo, que custo a crer que uma vez tendo começado tal história, eu tenha
sido capaz de deixá-la de lado, ou melhor dizendo, que tal leitura me seja hoje
tão completa e satisfatória, que a única explicação para meu desdém para com
ela em um momento anterior, seria o fato de que eu é que não me encontrava
pronta para sua magnitude.
Da mesma forma que o ocorrido deixou-me
desconfortável por um lado, por outro oposto, penso que foi uma boa oportunidade
de refletir, quase que filosoficamente, mas de forma bem palpável, que na nossa
vida cotidiana, o exemplo em questão se repete inúmeras vezes sem nos darmos
conta, e a reflexão de tal âmbito poderia nos livrar de várias falsas
impressões que acabamos por levar de si mesmos.
O que estou tentando explanar aqui
é simples, e se trata de algo que, apesar de subjetivo, tem grande poder de
atuação sobre quase todos, para não dizer todos, seja em uma maior ou menor
proporção. A palavra que melhor descreve este estado “psicossocial” a que estou
me referindo é REJEIÇÃO.
Se considerássemos com tanta
lucidez, com a que cheguei hoje, após a ocorrência deste fato acima descrito, de
que muitas vezes a rejeição não é um referencial de valoração ou desvalorização
de um objeto, ou mesmo um indivíduo, mas que muito provavelmente, esta, se
preste à função inconsciente de aferição do ser que está praticando o ato e não
o contrário. Ou seja, a rejeição pode se prestar ao papel de apontamento da
capacidade do “ser que rejeita”, e não ao contrário. Exemplificando: Um objeto
ou uma pessoa será rejeitada não por estar aquém de suas expectativas, mas por estar
exatamente além (parecer aos seu olhos boa demais) causando assim a sua recusa
em obtê-la.
Vejamos bem, no caso do exemplo
citado, não era minha impossibilidade de ler a obra que me fez rejeitá-la, por
não ter acesso à mesma, ou por não compreender a língua em que estava descrita,
ou outro impedimento qualquer, mas tão simplesmente, o fato de que eu não me encontrasse
num momento de maturidade ou paz de espírito necessário ou outra definição equivalente,
que me permitisse perceber a oportunidade que me estava nas mãos.
Dessa forma, depois de uma curta
reflexão, me veio a iluminura da compreensão de que, várias experiências de
rejeição, pelas quais fui submetida no decorrer da vida, na verdade não se
tratavam de mim, mas sim da capacidade do “ser rejeitador”, de compreender ou
valorizar o que estava em seu “acesso”, por assim dizer.
E isso é um passo muito significativo
para cura de várias crostas arquivadas nas emoções, não somente para minha
experiência pessoal, mas podendo e devendo ser estendida a todos demais, pois
uma vez vivos, e participantes dessa complexidade mental que possuímos, nós, os
seres humanos, biologicamente classificados Homo
sapiens sapiens exatamente pela consciência que temos de si mesmos.
Sem mais delongas, um “viva” a
esse dia memorável, quando filosofia, psicologia e literatura se fundiram
diante de meus olhos para apontar a possibilidade de uma cura de experiências
traumáticas a que nos expomos dia a dia.
P.S.: O livro em questão
trata-se do “Quando Nietzsche Chorou”, do autor Irvin D. Yalom, do qual
alcancei apenas o primeiro capítulo antes da pausa para escrever essas
impressões que me causaram.
#Lilly Araújo 16/02/16.
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