Em relação ao amor, hoje sou menos iludida, mas também muito
mais criteriosa. Não que eu tenha desistido deste sentimento, mas aquela
empolgação juvenil e até inocente já não existe mais.
O X da questão é que já vivi situações o suficiente para
perceber que relacionamento amoroso não envolve só sentimento. Envolve
diferenças, envolve família, envolve vizinho, cachorro, smartphone e papagaio.
Dois deixam de ser dois e passam a ser um número incontável de gente, torcendo
por sua felicidade ou não. Envolve paciência, pressão, frustração, desconfiança.
Claro que envolve também coisas maravilhosas, como vida compartilhada,
companheirismo, afeto, amor, confiança.
Eu me lembro muito bem quando eu tinha 15 anos e sonhava em
namorar. Achava que era o melhor que me poderia acontecer na época, mas não aconteceu…
Fiquei frustrada, mas fui levando. Quando eu finalmente tive um relacionamento
mais profundo posso dizer que a vida me deu um tapa na cara.
Namorar não era nada daquilo que eu criava fantasiosamente.
Não fiquei amarga ou desesperançosa. Fiquei realista.
Hoje, após alguns relacionamentos profundos e aos 27 anos,
eu vejo o quanto ser solteira representa liberdade e aprendizado pra mim. Não
tenho medo de ficar sozinha em casa em pleno sábado à noite. Não tenho medo de
ir a eventos sociais sem um cara a tiracolo. Eu construí a vida com os meus
passos. Um atrás do outro, aos trancos e barrancos. Mas hoje eu sou eu.
Natália. Quem entrar na minha vida não será o protagonista pois a protagonista
já existe. Quem entrar na minha vida se tornará referência e não a coordenada.
A recíproca, é claro, é verdadeira.
A questão é que as frustrações me ensinaram a me amar mais,
a valorizar mais meus momentos comigo mesma. Estar feliz e solteira me ensinou
a ser mais exigente. E alguém para adentrar no meu mundo tem que fazer por
merecer. Se ficar com joguinho, se ficar com palavras fartas e atitudes vazias
eu, simplesmente, perco o interesse.
Eu gosto tanto de escrever, eu gosto tanto de estar e
conversar comigo mesma que não dá pra trocar isso aqui por um “Oi, gata” ou
pior: “Oi, sumida” sendo que sumida eu nunca fui. Não dá para trocar assistir
Downton Abbey na Netflix por uma conversa superficial ou sem afinidades.
Só vai entrar na minha vida quem realmente merecer. Porque
vida é mais íntimo que quarto, vida é mais íntimo que cama. As pessoas costumam
relacionar intimidade com sexualidade. Mas intimidade é sonho, é medo, é
esperança, é falar do passado, da infância, é planejar um futuro, é olhar
juntos para a mesma direção. Intimidade requer tempo, requer dedicação, requer
interesse profundo. Intimidade é oposto de superficialidade.
Intimidade não é saber a cor da calcinha ou do sutiã. Intimidade
é saber a cor dos sonhos, a cor dos olhos quando choram, a forma exata dos
lábios quando sorriem. Intimidade não é ver alguém de lingerie… Isso você pode
ver a qualquer momento, com alguém que você conhece há muitos anos ou há poucas
horas. Intimidade não é ver alguém se despir das roupas. Intimidade é ver
alguém se despir das barreiras, dos medos, das suas verdades incontestáveis,
das suas certezas absolutas. Intimidade é a entrega, mas não a entrega do
corpo. Intimidade é a entrega mais difícil: a entrega da alma e do coração.
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Por: Nat Medeiros – Via: Superela – (Superela é uma plataforma capaz de fazer as
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