sábado, 26 de março de 2016

Esquecimentos




















Esquecimentos

Desculpe-me,
eu me esqueci de você!
Não sei se por culpa minha,
ou por sua culpa.

Não falemos em culpas então,
mas é que o tempo
anda agora mais corrido que outrora,
e o ponteiro do relógio,
em puro frenesi.

Desculpe-me,
se não estás mais aqui,
vívido na memória,
e ávido no meu peito.
É que muitas noites geladas
se passaram no meu leito.

Os minutos escoaram
sem um alô, sem um talvez,
sem um sorriso,
sem um traço teu qualquer,
e foi aí que eu me esqueci
que era a tua mulher...

Desculpe-me,
mas não estou mais nua.
Cobre-me o tecido da censura,
com estampas de um ser amedrontado.

Estou “gato escaldado”,
com medo de água fria,
com medo de amor,
com medo de magia...

Eu me esqueci do gosto,
do cheiro, do descompasso,
da perna bamba e a boca fria
naqueles quentes momentos.

— Estou vivendo apenas de esquecimentos.


Lilly Araújo 24/03/16

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