sábado, 2 de janeiro de 2016

Uma flor



Uma flor

Hoje de manhã ventava muito,
o vento me uivava segredos
que eu não queria escutar.
Ventava chicoteante,
e árduo,
e feria-me os olhos suportar.

Foi então, ali,
bem no canto de uma calçada,
que notei meio desconfiada,
uma flor tenra e frágil
a despetalar-se sobre os açoites da vida.

Pus-me pronta a socorrê-la,
com uma compaixão
despretensiosa e gratuita.

— Guardei-a sob uma redoma.

Agora, era bela e frágil!
Frágil e bela!
E inocente!
E agora era bela, e frágil, inocente
e resguardada do vento.

Ah!(...) Esse vento profano,
que varre para longe os nossos dias,
e nossos sonhos,
e as crendices pueris do amor.

Mas não sobre ela.
Não sobre essa bela flor!


Lilly Araújo 02/01/2016 14:40h

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