domingo, 13 de dezembro de 2015

Ensaio do sono


Ensaio do sono

Preciso dormir, porque as horas do relógio disparam, e amanhã é outro dia, outra segunda-feira, e apenas uma segunda-feira a mais. Esse dia em que o ritmo frenético das coisas do cotidiano recomeça com todo seu esplendor.
Preciso dormir, porque amanhã o mundo não espera. A vida não espera! Não há nada multicor que supere a frieza dos fatos em “preto e branco”.
Amanhã, é de novo, o novo dia em que, à despeito de todas minhas preces e expectativas, você ainda não chegou. Você, que nunca retornou, seja lá onde for que se ancorou e simplesmente se esqueceu desse porto vazio que ficou a lhe esperar.
Esse “porto” em que me transformei. Um “eu” soturno e sombrio, tomado de limo e vazio, no profundo do cais silencioso que já não é mais, e que somente continua pela incapacidade de simplesmente inexistir.
Preciso dormir, porque a realidade se mistura pouco a pouco com o imaginário, e a essa altura já não difere o que é, o que foi, o que penso ter sido e o medo do que talvez nunca mais torne a ser.
Preciso fechar os olhos e repousar. Desacelerar a respiração e o ofegar. Desconsiderar ansiedade crônica que me dirige os passos do meu caminhar trôpego e inconstante.
Preciso e vou dormir. Agora! Nesse exato momento, e confundir o relógio, o Caos e o Chronos, e entrar no meu mundo de fantasias e mágica, lá, onde tudo é mais e é além. Onde posso brincar de faz-de-conta, e você está também!


Lilly Araújo 13/12/15

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