EM FRENTE À
JANELA
Ou me sento
e escrevo,
ou vou
fingindo que nada pulsa aqui dentro.
E assim,
vou morrendo
de fingir,
apenas para
continuar escrevendo.
Continuar e
sorrir!
Sorrir todos
os risos amarelados
que me
ensinaram com tempo.
O tempo de
não ser mais criança,
e de
aprender a mentir,
e fingir e
fingir...
O poeta é
mesmo um excelente fingidor!
(Fernando já
dizia.)
Ele finge
toda a sua dor,
enquanto os
outros pensam que ele sorria...
E quando
tudo acabar,
quando a dor
se extinguir,
quando a
vida não mais for,
o poeta terá
deixado em forma de versos
toda a sua
dor.
Ou eu sento
e escrevo,
ou não serei
nada.
Nem poeta,
nem fingida,
nem amada.
“Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos
do mundo. ”
E o que me
resta,
depois de
todas as verdades já escritas,
é me sentar
com um cigarro na mão,
olhando a
janela que dá em frente à Tabacaria.
Oras, isso
também
não é um
tipo de alegria?
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