terça-feira, 18 de setembro de 2018

EM FRENTE À JANELA


EM FRENTE À JANELA

Ou me sento e escrevo,
ou vou fingindo que nada pulsa aqui dentro.
E assim,
vou morrendo de fingir,
apenas para continuar escrevendo.

Continuar e sorrir!
Sorrir todos os risos amarelados
que me ensinaram com tempo.
O tempo de não ser mais criança,
e de aprender a mentir,
e fingir e fingir...

O poeta é mesmo um excelente fingidor!
(Fernando já dizia.)
Ele finge toda a sua dor,
enquanto os outros pensam que ele sorria...

E quando tudo acabar,
quando a dor se extinguir,
quando a vida não mais for,
o poeta terá deixado em forma de versos
toda a sua dor.

Ou eu sento e escrevo,
ou não serei nada.
Nem poeta, nem fingida,
nem amada.

“Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo. ”

E o que me resta,
depois de todas as verdades já escritas,
é me sentar com um cigarro na mão,
olhando a janela que dá em frente à Tabacaria.

Oras, isso também
não é um tipo de alegria?

Lilly Araújo 

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