ENTREGA
Retorno dos seus braços com o corpo repleto de hematomas e arranhões
com que marcava a cada instante. Lembro-me de ter passado frio, à beira do seu
rio, contando estrelas cadentes que você me ofertava na tentativa vã de me
vencer. Deixei-me estar ao seu lado e adormecer, para então sonhar que eu contava
estrelas cadentes aninhada em você.
Retorno dos seus braços, na certeza da suavidade que eu
tanto precisava. Seu toque de algodão do cerrado, seus dedos gélidos de frescor
da manhã, e o cor de rosa do pôr do sol nas suas pálpebras de brisa.
Retorno!
Porque sonhar o azul dos seus olhos profundos a me olhar do
abismo, bem fundo, traz-me hematomas e dores que eu sempre quero comigo. A
verdade, é que se entregar, é preparar-se para a dor das saudades, sem titubear.
Retorno!
Trago ainda a sensação líquida de você entre meus joelhos em
genuflexão.
O amor. Ah, o amor vem carregado de perdão!
E nos perdoaremos por todas as saudades que hão chegar ( e chegaram): do
cheiro; do toque; do paladar; do sorriso branco das suas espumas a me banhar...
Dia desses qualquer, eu pego a estrada aflita do desejo e
vou de novo, em suas garras me arranhar.
Lilly Araújo 14/07/18
13:50h
(Para Chapada dos
Veadeiros)
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