Esses dias estava passando “Jurassic Park”, e me lembrei
de uma ‘máxima’ que ouvi no filme e me marcou: — A vida sempre encontra um
jeito! — disse um dos cientistas, em contraponto a que o fundador do parque afirma
em estar no controle por ter ‘produzido’ apenas dinossauros de um dos sexos (fêmeas,
se não me falha a memória), para evitar assim que se proliferassem
indiscriminadamente.
Hoje, essa frase verdadeiramente me irrita, porque eu penso
que na morte temos um ponto intransponível de dúvidas eternas, uma barreira que
se interpõe sem que tenhamos qualquer escolha entre ir ou ficar, é um rasgo abismal
entre os que morrem e os que vivem, e que nunca é recebido de bom grado. E há
sempre a dor, e a inconformação e o luto. Nós, o que ficamos, passamos de
lágrimas a porquês, sem aviso prévio e nem respostas que amenizem o sofrer.
O que mais tem me indignado no presente momento, é pensar
que, passado algum tempo, quando a ferida ainda está viva, e enquanto ainda posso
chorar e me entristecer sem ser censurada, a vida vai exigir que eu continue,
que eu retome meus afazeres, que eu encontre novos motivos para sorrir, e para
querer viver.
“A vida encontra um jeito” (de continuar) para nós, os
enlutados.
Estou achando terrível que eu volte a sorrir depois de planos
em parceria que foram rasgados abruptamente, sem uma gota de piedade. Acho
injusto que eu volte a sonhar e fazer outros planos.
— Pensar em um ‘outro alguém' no lugar dele? — acho uma
proposta indecente!
Lilly Araújo - 08/08/17
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigada por vir até aqui e ainda deixar sua opinião.Bjos!