
Tenho vícios espúrios e desconexos.
Um deles é ser viciada em amar o ato de amar.
Anos e anos gastos numa clínica de recuperação,
e o resultado, é o de ter voltado, amando tudo e todos de lá.
Eu amei a seringa; a enfermeira;
o colega do lado, viciado em bolinhas de gude;
e a Dona Gertrude,
que amava filmes de ETs,
desde que fora abduzida na infância.
Eu amei a distância!
Amei a saudade. A aula de arte.
E o fim de tarde, sentada no pomar.
Tenho vícios inventados e sem sentido.
Um deles é esse desejo, de estar sempre contigo.
Lilly Araújo